quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Le Carnivale


Nunca fui muito chegada a essa época do ano.Sempre a achei muito bonita,mas nunca fui muito acostumada a ela.Essa profusão de cores,formas,ritmos e vozes...
Uma época de soltar as feras de dentro de si,usar a máscara,fazer coisas que normalmente não fazemos.
Um período do ano em que o Brasil pára para mergulhar nos próprios instintos da carne,voltar ao primitivo,exaltar o mais belo e gritante aos nossos sentidos.Resgatar o samba na nossa alma,dar vazão às brincadeiras e desejos reprimidos,esquecer a vida...
Só que a vida não desaparece.Ela continua ali,todos os seus problemas estarão esperando por você assim que o período acabar.
O Carnaval é uma quebra da linearidade do seu ano.A fuga da realidade transformada em feriado nacional.
Até que ponto é saudável que nos esqueçamos de quem somos?Até que ponto é aceitável adiar nossos problemas?
Nos tempos mais antigos, o "carnivale",a festa da carne,era a festa em que todos usavam máscaras e não se podiam distinguir os ricos dos pobres,onde as restrições da Igreja se amenizavam e a promiscuidade era facilmente mais liberada...
E a tendência foi ficar mais liberada.
Hoje é a nossa festa de chutar nossos problemas,sabendo que eles voltarão mais tarde,de desfrutar o que nossos sentidos permitem,dançar e cantar "sem a vergonha de ser feliz"...Viver uma liberdade de poucos dias.
Mas claro que liberdade não é libertinagem.
E que o Carnaval seja usado para esquecer um pouco a vida,mas não dar um fim nela.
Porque a vida é vasta demais pra ser perdida num único carnaval.
E é a ela que brindamos nessa época.